quarta-feira, 15 de novembro de 2006
QUALIDADE E PERDA
Um dos obstáculos que bloqueia a implementação e consolidação de um sistema de qualidade numa empresa é pensar-se erradamente de que a qualidade significa necessariamente custo. O Gestor fala na qualidade dos seus produtos mas, na hora de ter que dispor de meios, o investimento é bloqueado pelo receio do não retorno rápido.
Habitualmente os comentários são: "… obviamente queremos a qualidade, mas agora o tempo é de crise e há outras coisas importantes para pensar... Depois da crise passar, vamos investir na qualidade".
Normalmente associa-se a qualidade a custo, a alto custo, e o senso comum diz-nos que um produto barato é de baixa qualidade, e que os produtos de boa qualidade são mais caros. No entanto também é do senso comum a tese contrária: "O barato sai caro!". Comprar a marca mais barata sempre provoca uma dor de cabeça. Qualidade não significa altos custos. Qualidade é o caminho para reduzir custos!
A aparente contradição entre preço e qualidade pode fazer-nos dizer que o preço representa para o consumidor uma perda na hora da compra do produto ou serviço, e a não qualidade ou baixa qualidade representa uma perda adicional para ele durante a utilização do mesmo. O importante, no entanto, é analisar a perda total. Por isso, a qualidade de um produto é identificada com as características que reduzem a perda total para o consumidor. Por outras palavras: qualidade é a crítica científica da não qualidade.
Se o consumidor, comprar um produto mais barato - de qualidade inferior - terá maiores perdas com defeitos e avarias, e mesmo que este esteja na garantia, as perdas continuarão, resultantes da não-utilização. Assim sendo, tendo o consumidor investido pouco na qualidade e porventura mais no preço, terá alta perda devida à má qualidade e o resultado líquido será uma perda total.
Numa empresa com um sistema de qualidade insatisfatório, o que acontece é semelhante. A empresa não aproveita os seus recursos, desperdiçando material, depreciando equipamentos, ignorando o potencial da sua mão-de-obra, não fazendo uso da informação disponível. Tudo isto significa alta perda.
O exemplo mais flagrante é o daquele empresário que contrata profissionais medíocres com baixos salários e só compra equipamentos e peças de substituição da marca "barato". Realmente vai gastar pouco, mas em contrapartida vai ter prejuízos decorrentes dos erros operacionais, avarias dos equipamentos, atrasos e paragens na produção, resultantes justamente da actividade profissional medíocre e baixa fiabilidade do seu equipamento.
Novamente, vemos que um baixo investimento em qualidade acarreta altas perdas devido à não-qualidade, resultando uma perda final insatisfatória.
Uma empresa que trabalha com qualidade, por outro lado, utiliza racionalmente os seus recursos e as suas perdas totais são baixas.
Decorrente deste raciocínio, conclui-se que a única forma de uma empresa vencer a crise é invertendo o ciclo das perdas. Isto só é possível investindo em qualidade. Não se pode esperar a crise passar para investir em qualidade. Este é o único caminho para sair da crise!
(tem continuação)
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