sexta-feira, 21 de março de 2008

Quando o reizinho se torna mandão...

Além de todos os desafios relacionados com a empresa, o empreendedor também precisa ter cuidado com o seu ego, para não desenvolver o que os especialistas chamam de "Síndrome do Pequeno Poder".
Essa síndrome é caracterizado por uma obsessão em dominar e comandar as pessoas que estão ao redor através de regras próprias e sem levar em conta a opinião de ninguém. O exemplo mais clássico desse síndrome é o porteiro, que por estar nessa função, pensa que tem todo o poder de permitir ou não que uma pessoa acesse a um determinado local a partir de premissas próprias e que não dá margem para qualquer argumentação.
Dono do seu pequeno reinado de sucesso – a empresa – o empreendedor começa a acreditar que somente ele é o responsável pelo sucesso da empresa.
Ele acredita ser o dono da verdade, o guardião das informações relevantes ao negócio, enfim, o rei.
Na sua visão, o único preocupado com o sucesso da empresa é ele mesmo, por que é o único que trabalha, o único que decide, etc. E adora dizer isso a todas as pessoas em todas as oportunidades.
Sendo o rei, ele cria regras próprias para a empresa e muda-as sempre que acha pertinente, sem ouvir a opinião de ninguém. Quando é questionado por alguém, rapidamente invoca o organograma e diz que ele está no topo, ou em outras palavras, que é ele quem manda.
A pior coisa para ele é quando uma ordem sua não é cumprida ou sofre alguma alteração. É o momento de bater na mesa, atirar algum objecto no chão, gritar e maldizer.
Quase nunca tem tempo de ouvir os colaboradores, e quase sempre que permite que alguém fale, ele sai ao meio da reunião e deixa a pessoa a falar sozinha.
Quando é ele quem convoca para a reunião, é só ele quem fala – geralmente a mesma coisa por mais de três vezes – até certificar-se que todos entenderam o que ele quer.
Em momentos em que precisa de alguma coisa – até mesmo um copo de água - em vez de ligar para a extensão da pessoa e chamá-la, ele prefere gritar pelo nome da pessoa quantas vezes forem necessárias.
Embora esteja sempre a correr, sempre pára ao ouvir qualquer conversa. Questiona, e não aceita "Não estávamos a falar nada de especial" como resposta. Enquanto não sabe ao menos do que se trata a conversa, não deixa as pessoas em paz. Alega que como dono, tem o direito de saber tudo o que acontece.
Para ele, ninguém sabe nada, excepto ele. Por melhor profissional que seja a pessoa, ele nunca vai aceitar ou acreditar. Quando vê que a ideia é boa – ou que o conceito está certo -, internamente ele cria uma reviravolta e a ideia passa a ser dele, como se ele tivesse pensado nela desde sempre.

Para a empresa, a presença do "reizinho mandão" é extremamente prejudicial:

• Após lutar por algum tempo, os colaboradores desistem e passam a actuar como "zumbis", seguindo estritamente as ordens dadas;
• Todos sabem que algumas actividades são perda de tempo, que não funcionarão, mas ninguém ousa a questioná-lo ou não cumprir;
• Com o tempo, os colaboradores ficam desmotivados e nem sequer pensam em novas soluções ou melhorias para a empresa;
• Grandes ideias são deixadas de lado – pois ele não as ouve – e a empresa deixa de crescer;
• Ninguém mais ousa a confrontá-lo e discordar de suas regras ou opiniões: Se disser que o céu é cor-de-rosa, todos irão concordar calados;
• A auto-estima das pessoas é reduzida a pó. Ao ouvir que são incapazes por tantas vezes, algumas pessoas acabam acreditando nisso.
• Doenças, crises nervosas, etc.

Acredito que não quer que isto aconteça na sua empresa, certo?

Então, tome cuidado para não ser um "reizinho mandão".

Prefira ser o líder: Se você souber como liderar a equipa correctamente – com respeito, comunicação e igualdade -, além da sua empresa crescer muito mais, as pessoas o colocarão no trono naturalmente e você será o Rei...

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